sábado, 10 de novembro de 2007

DESENVOLVENDO a CAPACIDADE e a HABILIDADE do CÃO em se COMUNICAR CONOSCO



Para facilitar este desenvolvimento podemos considerar alguns pontos. O animal deve estar em condições médicas satisfatórias, ou seja: livre de doenças, com os devidos cuidados veterinários preventivos, com alimentação apropriada e cuidados de higiene. Devemos respeitar os períodos de desenvolvimento do cão, como não separá-lo de sua ninhada antes de aproximadamente 50 dias, o que dificultaria uma melhor socialização com humanos e a fácil adaptação a novos ambientes. Outro fator importante é a formação de um vínculo e relação de apego entre o homem e o cão, pois assim permitimos que, através de contatos e eventos informais, se desenvolva uma comunicação espontânea. Podemos iniciar este desenvolvimento com um treinamento formal para cães, com o objetivo de ensinar comandos básicos para facilitar o convívio com o cão.




Reforço positivo e Clicker


Método utilizado deve seguir o que há de mais eficiente em termos de adestramento: click training + reforço positivo. O reforço positivo está baseado em recompensas por um comportamento correto e indução de movimentos específicos. Tem as vantagens de fazer com que o cão obedeça sempre por prazer (o qual aumenta à medida que o treinamento progride) e quanto mais o cão gosta da pessoa, mais obediente ele será (logo obedecerá mais ao proprietário). Para que o cão entenda exatamente o que esperamos dele, utilizamos o método click training, que consiste em associar um determinado barulho a uma recompensa, podendo assim “avisar” o cão que ele acertou, no momento exato em que exibir o comportamento desejado, mesmo em situações nas quais seria difícil ou impossível de recompensar, como no meio de um salto ou a longa distância. O click pode ser um barulho curto e seco, como um estalo com a boca. O adestramento básico inclui o treino de atendimento aos seguintes comandos: senta, deita, fica, vem, cumprimenta, dá a pata, morto, rola e encosta (este último se refere ao cão encostar o focinho ou a pata em um local em que a pessoa colocasse o dedo juntamente com o comando “encosta”). O animal deve ser capaz de identificar e executar os diversos comandos por meio de gestos, palavras, gestos associados a palavras.






Aprendizagem de rotina


As rotinas são interações que ocorrem após um enunciado verbal que se refere a um objeto ou a uma atividade desejada pelo animal. Isto permite a realização de atividades coordenadas entre o cão e seu dono ao redor de cada uma das necessidades. As rotinas podem ser estabelecidas com base em necessidades básicas do cão, como: comer, beber, passear, receber carinho, brincar e dormir. Para desenvolver uma estrutura comunicativa deve-se envolver um treino dessas associações de sinais verbais a determinados objetos e eventos, assim habituando o animal a determinada interação com a pessoa. Por meio da execução de rotinas o animal se torna capaz de desempenhar atividades de forma cada vez mais coordenada, de responder mais prontamente aos nossos comportamentos e de transformar por meio da antecipação, ações requeridas em comportamentos espontaneamente emitidos como meio para alcançar o objetivo.



Para exemplificar a “aprendizagem de rotinas” podemos começar pela alimentação. Na hora de dar comida ao animal a pessoa deve emitir o enunciado verbal “quer comida?”, abrir a lata de ração, ir na direção do pote de comida e despejar parte da ração. Esperamos que o cão ingira todo o alimento. Uma vez acostumado a essa rotina, o cão deve passar a se aproximar do prato de comida antes mesmo da ração nele ser colocada e antes de nós indicarmos verbalmente a rotina. A execução espontânea de “ir em direção ao prato de comida” pode ser utilizado por nós como sinal de uma necessidade do animal e como uma indicação para que executemos nossa parte nesse roteiro funcional, que no caso é oferecer alimento, o que acaba por reforçar a antecipação do animal, criando um sinal com valor comunicativo.
Estas rotinas, que envolvem uma relação entre o comportamento do cão e o homem, nada mais são do que aspectos de comportamentos de muitos proprietários, como comprova a pesquisa sobre atitudes e comportamentos de donos de cães. Desenvolver a habilidade do cão em se comunicar em parte se dá por criar estas situações de forma sistemática.





Na rotina de “beber água” devemos emitir o enunciado “quer água?”, pegar a garrafa de água e despejar um pouco no recipiente determinado e esperar o animal beber. Passado algum tempo o cão tende a se aproximar espontaneamente do recipiente quando desejar água. Vale lembrar que o animal deve ter água a vontade em situações em que não se pode oferecê-la frequentemente.



A rotina de passear pode ser iniciada pelo enunciado “quer passear?”. Então devemos deixar o local passando por uma porta de preferência. O animal, assim como antes, associará o enunciado verbal ao evento conseqüente e espontaneamente irá se aproximar da porta, ou fixar o olhar/encostar o focinho na porta e/ou alternando o olhar entra porta e pessoa, sinalizando o desejo de sair ou passear. O animal também pode manifestar sua vontade se referindo a guia da mesma maneira. (devemos lembrar de recompensar o animal com o evento desejado – encostar na guia, encostar focinho na porta - após a antecipação).

Para termos sucesso na rotina de dormir ou descansar, devemos fazer o treino da caixa de transporte, transformando este utensílio em um ambiente no qual o animal se sente seguro, confortável e protegido, podendo tornar-se, até mesmo, o seu lugar preferido. Diante de uma situação parecida, na qual o animal precisa demonstrar motivação para entrar no local (por ser um refúgio, por exemplo), devemos nos aproveitar da situação para treiná-lo e criar sinais apropriados. Temos que deixar a caixa fechada, e no momento que a motivação surgir emitimos o enunciado verbal “quer ir para a casinha?”, o permitimos entrar. Espontaneamente o animal irá sinalizar desejo por se entocar no local, tentando abrir a casinha ou encostando o focinho na caixa.



Como sabemos cães podem ser extremamente fascinados por brincadeiras que envolvam objetos, se dispondo a buscá-los, caçá-los, disputá-los entre outras brincadeiras. Devemos ter em nossa posse os brinquedos que interessam ao nosso animal (bolinhas, pedaços de corda, ossos de náilon, objetos de borracha, entre outros). Podemos guardá-los em um pote que seja visível para o animal. No momento em que notarmos que o animal está com disposição para interagir emitimos a frase “quer brinquedo?”, abrimos o pote e oferecemos a ele (alguns animais podem ter preferências por determinados objetos). Após algum período o cão tende a se aproximar espontaneamente do pote que contém seus brinquedos, ou como nas outras situações, fixando ou alternado o olhar ou tentando alcançar o pote, demonstrando desejo por algum objeto. Nesse momento devemos responder a uma atitude de nosso agrado e garantir o sucesso do animal com a brincadeira.


Trechos: Daniel Svevo (veterinário e adestrador)

Um comentário:

Anônimo disse...

Amiable brief and this mail helped me alot in my college assignement. Thanks you as your information.